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Arquitetos: Diana Radomysler, Samanta Cafardo, studio mk27 - marcio kogan
- Área: 400 m²
- Ano: 2020
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Fotografias:André Scarpa
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Fabricantes: Arthur, Artsteel, Belas Artes, Core, Kiko Esquadrias, Lumini, Marvelar, Santana Toti, mado
Descrição enviada pela equipe de projeto. A Casa Azul é um estudo de caso sobre como construir em meio a uma natureza exuberante e protegida, sem danificá-la. O terreno está localizado na Serra do Guararu, região litorânea de mata atlântica no estado de São Paulo, a apenas 500 metros de distância da Praia de Iporanga. Por se tratar de uma área de proteção ambiental, a arquitetura teve que trabalhar dentro de parâmetros rígidos para preservar completamente a paisagem existente.
De partida, foi definido um perímetro de dois metros ao redor da projeção da casa para proteger a floresta das atividades da construção. O projeto deveria ser implantado dentro de uma área previamente delimitada pelos órgãos ambientais, mantendo o restante do terreno intocado. Decidiu-se então elevar a casa sobre pilotis, gerando um vão de 15 metros de comprimento por 8 metros de largura, que recobre em sombra a principal área social e de lazer no térreo da casa.
Este deck de madeira, ligeiramente elevado do solo para proteger o pavimento da umidade, integra-se com a vegetação ao redor estendendo-se sinuosamente para além da projeção do edifício. Sua geometria abstrata, uma homenagem ao trabalho do arquiteto paisagista Roberto Burle-Marx, intencionalmente contrasta com o volume retangular que define a casa acima, e possibilita trazer a vegetação ora mais próxima, ora mais distante, alternando as formas de interação com a paisagem. A piscina, parcialmente protegida pela sombra, interpõem-se entre o deck e a natureza, fazendo margem para o paisagismo criado por Rodrigo Oliveira. Ao avançar para fora da projeção da casa, a piscina permite uma conexão mais direta entre o desenho da casa e a mata que se estende a caminho do mar.
Perpendicular a sombra da casa, um muro de pedra rústica separa a área de lazer dos ambientes de serviço e complementa a dupla de pilares que estruturam o vão.
Sobre o térreo, dois volumes empilhados e desencontrados parecem flutuar em meio a copa das árvores. A elevação dos volumes na Casa Azul não apenas tem a intenção de sombrear e proteger, mas também de alcançar a vista ao redor. A primeira caixa de concreto enquadra a natureza com suas laterais envidraçadas e permite a vista para o mar. Quando abertos, esses panos de vidro tornam o ambiente uma grande varanda, consolidando a transparência que permite que o olhar atravesse completamente a arquitetura. Da mesma maneira, o programa se resolve abertamente, integrando estar e jantar neste nível.
O segundo pavimento abriga quatro quartos imersos na copa das árvores. Neste volume, as faces longitudinais recebem um fechamento de muxarabis de madeira, que gentilmente filtram a luz. Os caixilhos de madeira, mobiliários fixos e peças de decoração, com texturas e cores naturais, trazem para dentro da casa a natureza externa. Os volumes de concreto emprestam seu tom aos ladrilhos do piso e as bancadas em pedra. No térreo, o piso de cacos largos que leva à entrada gradativamente se desfaz e se mistura com a natureza.
Na Casa Azul, a materialidade é simples e discreta. A arquitetura pousa suavemente no solo, e os volumes se abrem para o entorno, diluindo sua presença. O jogo de cheios e vazios torna o conjunto leve, e a casa alça vôo. É uma arquitetura de um modernismo natural que ressalta a exuberância da natureza ao redor, tornando-a parte da casa.